Precisamos falar sobre o excesso de alterações


Vamos falar de uma das grandes maldições das produtoras de vídeo: as alterações. Não que esse seja um problema exclusivo do mercado audiovisual. Na verdade, todo mundo que trabalha com comunicação e arte sofre desse mesmo mal.

 

Ciências exatas são binárias. Um mais um será sempre dois. E se alguém insistir que é três, será muito fácil provar que ele está errado. O mesmo não acontece tão facilmente com questões que de alguma forma se ligam à arte.

 

Gosto de usar como exemplo Mauricio de Souza, criador da Turma da Monica. Ele conta que a primeira vez que mostrou suas tirinhas a um editor de jornal foi rejeitado e que ouviu que era melhor escolher outra profissional porque você ele não sabia desenhar.

Veja, se Mauricio de Souza teve dificuldade de explicar sua arte a alguém que entendia de comunicação, tirinhas e desenho, imagine você a dificuldade que temos para explicar uma questão técnica de áudio ou vídeo para um cliente que trabalha com Direito ou Tecnologia da Informação.

 

Há quem ache que as alterações seriam na verdade a solução. Uma forma de juntos, cliente e produtora irem lapidando o vídeo até alcançar a perfeição. E não é? NÃO!

 

Vídeo é um processo de criação com muitas etapas. Roteiro, pré-produção, captação, locução, montagem, edição de áudio, inserção de trilhas, correção de cor, criação de videografismo, animações e depois de tudo isso, a entrega. Quando um cliente recebe o vídeo no final do processo, muita coisa não já não é mais passível de mudança e o resultado é um monte de gambiarras que não deixam o vídeo nem útil como o cliente precisava, nem bonito como a produtora  queria e muito menos correto em termos técnicos.

 

Outros dois grandes problemas do excesso de alterações são o gasto de tempo e dinheiro.

Nenhuma alteração é de graça: Ela demandará horas de trabalho de profissionais e de equipamentos (como a ilha de edição, por exemplo). No orçamento que a produtora te passou inicialmente, ela provavelmente fez uma previsão de uma quantidade de alterações possíveis. Essa quantidade de alterações deverá destacada na proposta ou no contrato. Se o cliente quiser mais alterações do que o combinado, os editores irão cobrar pelo trabalho extra e esse custo terá que ser repassado ao cliente.

 

Nenhuma alteração é rápida: Quando o cliente altera uma cena do vídeo, é necessário refazer toda a trilha, a locução e boa parte das animações. Além disso, ao alterar o projeto de edição, o software de montagem poderá demandar algumas horas para transformar o projeto editável em um vídeo. Ou seja, nenhuma alteração poderá ser feita e entrega em vinte minutos. Na verdade, se for possível fazê-la em horas já estaremos no lucro.

 

Mas então como evitar esse problema todo?

 

As inúmeras versões de um vídeo que geralmente são causadas por três motivos:

 

  • Falhas de comunicação: O cliente não sabe muito bem o que quer do vídeo. A produtora acha que entendeu. A primeira versão é algo que não atende em nada a necessidade do cliente e depois de dez alterações, aceitasse o resultado que deu pra chegar por puro cansaço. As falhas de comunicação também podem acontecer quando há um intermediário nessa relação, como uma agência de publicidade, por exemplo. Outra situação comum, é quando a produtora não seleciona um diretor para cuidar do projeto desde a reunião de briefing até a entrega. Nesses casos, um grande telefone sem fio causa um resultado desastroso.

 

  • Achismos do cliente: A palavra achismo ganhou um tom bem pejorativo e foi intencional. Muitas vezes o cliente foca no que ele gosta ou deixa de gostar e não no que e certo ou errado. E um vídeo errado trará um péssimo retorno para empresa. Porque vídeos ruins não dão resultado.

 

  • Vaidade da produtora: A produtora entende de vídeo, mas só o cliente entende do seu público e das suas necessidades. Se uma produtora se preocupar em criar vídeos dignos de prêmio, mas ele não atender às necessidades do cliente, o vídeo será inútil.

 

 

Inicie o processo de produção com uma reunião de briefing, faça questão de que haja um diretor ou um gerente de projeto acompanhando todo o processo do inicio ao fim e, principalmente, contrate uma produtora que demonstre respeito por você e na qual você consiga confiar no conhecimento e na capacidade técnica. Seguindo essas dicas, seu vídeo será um sucesso.

 

Para encerrar esse assunto em tom descontraído, deixamos aqui esse vídeo que fez um baita sucesso em 2013 quando foi lançado. Ele retrata de maneira muito bem-humorada as amarguras das refações.

 

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