Por que a mídia física ainda existe em tempos de Netflix

Por que a mídia física ainda existe em tempos de Netflix

Por que a mídia física ainda existe em tempos de Netflix

Quando a internet começou a se popularizar e filmes podiam ser baixados diretamente da internet, muita gente acreditava que o DVD iria desaparecer. Depois surgiu o Blu-ray, com uma qualidade (e preço, diga-se de passagem) superior ao DVD. Outros tantos talvez pensaram que, agora sim, o DVD estaria fadado ao sumiço. Mais anos transcorreram e as plataformas de streaming chegaram dominando as televisões do mundo inteiro. Catálogos extensos de filmes, séries, documentários, desenhos e muito mais disponível a qualquer momento para quem quiser assistir, ao custo de uma assinatura mensal que poderia se comparar à compra de um único DVD. Agora, sim, tanto o DVD quanto o Blu-ray seriam exterminados da face da Terra.

Bem, não foi bem isso que aconteceu. O boom de vendas de DVD nos Estados Unidos aconteceu em 2005, com faturamento de US$16,3 bilhões, de acordo com a Nash Information Services. Em 2020, a MPAA – Motion Picture Association, apurou um faturamento de US$3,5 bilhões (somando DVD e Blu-ray). Sim, a diferença depois de 15 anos é enorme, mas qualquer coisa que se mantenha na casa dos bilhões de faturamento não dá para dizer que é um mercado que morreu, né?

Contrariando a lógica e o pensamento de muita gente, a mídia física se mantém de pé mesmo com toda a tecnologia e acesso fácil às produções audiovisuais nos dias de hoje. Até alguns anos atrás, caso você quisesse assistir a um filme em específico, teria que ficar esperando dar a sorte dele passar na televisão em algum momento ou alugar na locadora mais próxima. Hoje, a quantidade de conteúdo disponível em cada uma das plataformas de streaming, cuja pioneira foi a Netflix (que sim, começou como uma locadora normal nos Estados Unidos), satisfaz a grande maioria do público. Mas não todo mundo.

Blu-Ray Player roda DVD? - DeUmZoom

Apesar das inúmeras vantagens que o streaming possui, como não ocupar espaço físico em casa para armazenar os discos, proporcionar acesso a filmes e séries feitos no mundo todo com apenas um clique, produções originais que não dependem das grandes gravadoras e distribuidoras, disponibilidade em diversos dispositivos, a mídia física ainda ocupa o seu lugar no mundo – e deve continuar assim ainda por um bom tempo.

Confira abaixo algumas das principais razões para que as pessoas ainda continuem comprando DVDs e Blu-rays:

Coleção

Há quem seja apaixonado por ter em casa os filmes e séries mais queridos. Para muitos colecionadores, a sensação é de autonomia por não depender de contratos com gravadoras e distribuidoras, e ter à disposição suas obras favoritas para sempre.

Além disso, muitos DVDs contam com cenas extras e bastidores, o que torna a experiência para o fã muito mais completa. Assim como acontece com os livros, que vão ganhando novas edições e edições comemorativas, o mesmo acontece com os DVDs: capas diferentes, pôsteres, cards, assinaturas exclusivas e gifts tornam essa mídia um item mais do que especial para os colecionadores.

DVD Collection | Home cinema room, Home library rooms, Home theater rooms

Qualidade técnica

Por melhores que sejam as plataformas de streaming, a velocidade da internet e as TVs 4K, a qualidade de som e imagem da mídia física é infinitamente melhor. Para se ter ideia, no caso da imagem, o bitrate, que é o número de bits transferidos ou processados por segundo, fica em média, entre 4 e 8Mb/s no streaming, enquanto no Blu-ray pode passar dos 40Mb/s. No caso do áudio a diferença também é notável: apesar da alta qualidade do streaming, que possui bitrate de 640kbps e 5.1 canais (número de canais de áudio no sistema surround), o Blu-ray conta com bitrate de 4.000kbps e 7.1 canais.

Para entender o que isso significa na prática: quem assistiu aos últimos episódios de Game of Thrones se lembra de alguns tão escuros que, praticamente, não dava para entender o que estava acontecendo na cena. Quem viu por Blu-Ray, por exemplo, assistiu às cenas noturnas com muito mais clareza.

Episódio ‘The Long Night’, terceiro da última temporada de Game of Thrones: ficou tão escuro que mal dava para entender o que acontecia na cena

Catálogo

Outro ponto que a mídia física ganha da digital é a certeza de que você sempre poderá assistir àquele título quando quiser, sem precisar se preocupar com o fato de que ele poderá ser retirado do catálogo da plataforma streaming da noite para o dia ou de alguns episódios não estarem disponíveis. Essa questão é diretamente relacionada a direitos de distribuição e reprodução e outros problemas externos, que podem levar anos para ser resolvidos – ou ficarem num eterno imbróglio.

Por exemplo, quase todos os episódios de The Muppet Show, sucesso nos Estados Unidos entre 1976 e 1981 estão disponíveis no Disney+, com exceção de dois envolvidos em disputas de copyrights de músicas e um que teve um problema com um dos atores convidados.

Cinéfilos

De acordo com alguns especialistas no assunto, a falta da mídia física não vai formar novos cinéfilos, já que a maioria dos filmes clássicos e essenciais para a história do cinema não estão nas plataformas de streaming. Apesar da quantidade de objetos, camisetas, funkos e todo o universo de brinquedos e acessórios do universo do cinema que existe disponívels para os fãs, o principal, na verdade, é o próprio filme, e só quem possui a mídia física em mãos tem a certeza de ter aquele conteúdo para sempre, sem ficar à mercê do catálogo digital.

 

E você, ainda tem DVDs em casa?

Receba nossos artigos!
Nós respeitamos sua privacidade.