O que é mise-en-scene – e como pode ajudar no vídeo

o que é mise-en-scene

O que é mise-en-scene – e como pode ajudar no vídeo

Do francês direto, significa encenação. Mas o significado não para por aí e, pra dar um pouco melhor o sentido, pode ser definido como posicionamento de uma cena.

É basicamente todo o planejamento de tudo – tudo, tudo mesmo – que vai aparecer em uma cena.

O objetivo é entregar uma cena que transmita, em função de muuuitos elementos (luz, posição das câmeras, cenário, objetos, falas, expressões dos atores), exatamente o que o autor e o diretor – às vezes, a mesma pessoa – estão querendo passar em termos de emoções e sensações em um filme ou peça ou vídeo.

O surgimento da expressão não é preciso, mas estima-se que seja na França no século XIX, ao se tratar do posicionamento dos atores e objetos em peças de teatro. E, evoluindo o conceito, avançou para os “filmes autorais”, em que o autor-diretor cuidava de cada elemento para que a ideia de seu filme fosse transmitida do jeitinho que ele tinha imaginado.

Há diversos elementos que ajudam a compor uma cena e vamos listar alguns aqui pra dar “dar check” e ajudar a compor a cena dos seus sonhos:

  1. Dominância

Para direcionar a atenção da sua audiência para um personagem ou objeto específico:

– Ajuste o tamanho que ele terá na tela

– O foco é outra parte essencial

– A luz determina o que será importante que a audiência preste atenção naquele momento

– As cores que, além de darem o tom emocional, também ajudam a contar o que é dominante na cena

  1. Iluminação

A iluminação é usada para setar o “mood” ou a carga dramática de um vídeo/filme/peça, através do seus tons e foco do frame que estiver gravando/encenando.

– Alta iluminação deixa poucas sombras e há menos carga dramática, a cena por ela mesma

– Baixa iluminação deixa muitas sombras e sessões escuras na cena, ajuda a focar em algo importante e aumenta a carga dramática da cena

– Luzes contrastantes, ou seja, alta luminosidade em alguns objetos e pontos escuros em outros ajuda a dar foco e entrega o que o autor quer mostrar e o que quer esconder com clareza

  1. Gravação ou proximidade da câmera

É aqui que se define o quanto do objeto principal estará em cena de acordo com o que se quer transmitir naquele momento.

– Gravação extremamente distante: mais fácil para estabelecer o espaço da cena e situar a audiência

– Gravação distante: apesar de distante, já mostra o objeto principal da cena com um pouco mais de precisão e também ajuda a localizar a audiência, porém em relação ao objeto central e não apenas à paisagem

– Gravação inteira do objeto de cena: mostram todo o objeto ou personagem com um pouco de fundo

– Gravação de média distância: captura parte do objeto ou personagem

Close-ups: mostram pouco do ambiente e muito do personagem, ajudando com expressões

Close-ups extremos: mostram partes não convencionais do objeto ou personagem e ajudam a trazer outro ângulo ou ponto de vista para uma cena

  1. Ângulos

A forma de orientar a câmera é uma das mais eficientes para transmitir uma emoção.

– Olhos de pássaro: é a visão mais alta de um local, sendo filmada de cima para baixo, o chão e os personagens parecem pequenos

– Ângulos grandes: são parecidos, mas com um pouco mais de proximidade. Personagens e objetos já são facilmente identificados

– Nível dos olhos: é como o nosso olhar, direto em relação aos objetos e demais personagens

– Ângulos baixos: são as cenas gravadas de baixo para cima, para dar a sensação de grandeza dos objetos e super dimensiona-los.

– Ângulos oblíquos: são gravados sob a perspectiva de um observador secreto. Dão movimento e criam tensão na cena.

  1. Lentes, filtros e velocidade de captura

O tipo de lente influi muito. Lentes para captar o objeto ou personagem com mais proximidade e anular o fundo ou lentes que trazem um pouco mais de fundo em um campo de visão mais amplo podem fazer a diferença na hora de passar uma ideia.

A sensibilidade da câmera também é determinante, com as câmeras mais modernas, conseguimos utilizar ISOs mais altos, sem a granulação da imagem. Utilizando lentes com maiores aberturas de diafragma, também ajudam a expor a cena em imagens noturnas. Há inúmeras variações a se observar para ter o resultado que deseja, principalmente com as câmeras digitais que permitem uma variação e controle imensos como abertura, ISO, dentre muitas outras. Outro aspecto é a quantidade de quadros por segundo. Frame-rates mais altos, disponíveis em algumas câmeras profissionais, possibilitam cenas em slow-motion.

Além destas principais, ainda há muitos outros elementos que vamos explorar nos próximos posts, como cor, contraste, densidade, composição, formas, enquadramento, profundidade de campo, posicionamento dos personagens, posicionamento do olhar dos personagens e proximidade dos personagens.

De forma geral, o mise-em-scene é tudo o que compõe um frame com o objetivo de transmitir uma ideia, um conceito, um sentimento. Planejar tudo com antecedência, além de garantir mais eficiência de custos para uma produção ainda aumenta muito as chances da ideia central do vídeo ser transmitida.

E aí? Vamos preparar a mise-en-scene do seu próximo vídeo juntos?

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