A edição de Bohemian Rhapsody

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A edição de Bohemian Rhapsody

Quem assistiu Bohemian Rhapsody levanta a mão! o/

O filme da icônica banda Queen foi sucesso de bilheteria no ano passado e rendeu uns bons Oscars para a equipe, incluindo melhor ator para Rami Malek, brilhante no papel de Freddy Mercury, e melhor edição. Mas foi aí que a coisa ficou estranha e a crítica caiu em cima.

Diversos profissionais do meio e fãs de cinema se posicionaram contra a premiação da edição justamente pelo filme conter diversas falhas importantes nesse quesito.

Se você prestar atenção, vai perceber que o filme possui muitos cortes. Muitos mesmo. Até demais. O problema está no fato de que isso gerou um ritmo muito acelerado, quebra da continuidade espacial e falta de “motivação”.

Para ilustrar, vamos pegar a cena em que os integrantes do Queen encontram o assessor John Reid pela primeira vez.

Em 104 segundos de cena, foram feitos 60 cortes, com cerca de 1.8 segundos entre cada um. São muitas mudanças em pouquíssimo tempo, o que deixa a audiência um pouco confusa e não há nada no roteiro que justifique. Os cortes vão pingando de um integrante a outro, num rápido vai e volta, sem que esteja acontecendo algo realmente importante para fundamentar a enxurrada de cortes.

A sequencia de cortes dá ritmo para uma cena, que ajuda a criar tensão ou transmitir emoção, mas não pode ser usado sozinho como artificio de edição. É preciso ser trabalhado junto com a atuação e a direção. Nessa e na maioria das cenas do filme o ritmo é rápido demais sem ter algo que justifique, ou seja, a motivação.

A motivação para se fazer novos cortes é, geralmente, quando acontece alguma nova informação. Na maioria das vezes, esse “algo novo” pode ser de cunho emocional, seja quando um personagem está dando a fala ou reagindo a ela, ou geográfico, de modo que fique clara a relação espacial entre os personagens. Nessa cena, não acontece nem uma coisa nem outra que embasem todos esses 60 cortes.

Outro problema é a continuidade espacial. Em diversos momentos, enquanto o assessor está olhando para um integrante da banda, o corte seguinte mostra outro integrante sentado do lado oposto ao olhar do assessor. Isso deixa a audiência um pouco confusa.

Além disso, toda essa sequencia de cortes acaba mostrando momentos desnecessários, como quando Mercury puxa uma cadeira para se sentar, então corta para o guitarrista Brian May rapidamente, depois volta para ele se sentando. A informação fica repetida e, mais uma vez, geram cortes desnecessários que aceleram o ritmo.

O filme todo parece seguir essa mesma estratégia, que até que funciona nas cenas de músicas e shows, criando dinamismo e colocando a energia lá no alto. Porém, para as cenas de conversas comuns, o efeito não fica tão legal.

Outra critica foi em relação à velocidade com que a história da banda foi contada. Obviamente, anos e anos de carreira e muitos momentos marcantes não cabem em um filme de pouco mais de 2 horas, mas algumas coisas poderiam ser melhoradas. Um dos exemplos é quando pipocam o nome de várias cidades em colorido na tela, simbolizando a passagem do tempo e os locais em que o Queen foi fazendo shows. Ao invés de irem pelo jeito mais fácil de representar o crescimento da banda, um filme dessa magnitude merecia uma solução melhor trabalhada.

E você, curtiu o filme? Reparou nesses detalhes de edição ou só curtiu e cantou todas as músicas junto? 😉

 

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